Embora muitas pessoas não saibam, o fundador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, Pierre de Coubertin, também foi um talentoso escritor e jornalista que imortalizou a maior parte de suas ideias e iniciativas em ensaios e livros. As numerosas publicações do Barão chegam a aproximadamente 16 mil páginas, compreendendo 34 volumes, 57 folhetos, 1224 artigos e mais de 46 fichários.
No entanto, quase todos seus escritos haviam sido produzidos na sua língua materna, o francês, o que dificultava o acesso daqueles que estavam interessados na sua grande obra. Além disso, seus textos somente se encontravam nas bibliotecas de forma esporádica, inclusive na França. Ainda assim, as diversas discussões acerca da origem do Movimento Olímpico, bem como seu futuro, se remetiam aos seus componentes basilares concretizados por Coubertin e herdados desde a Antiguidade até meses antes de 1896, quando ganharam forma os primeiros Jogos Olímpicos, em Atenas, após a criação do Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1894. O impacto esportivo e os valores envolvidos na sua prática também foram motivadores pelo resgate dos pensamentos de Pierre de Coubertin, que buscou representar por meio do Olimpismo uma filosofia que buscasse, acima de tudo, a educação e a paz universal.
Foi nesse sentido que, no ano anterior aos Jogos Olímpicos Rio 2016, em uma ação colaborativa entre o Comitê Internacional Pierre de Coubertin (CIPC) e a PUCRS, além do apoio do COI, o Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin (CBPC) lançava o livro “Pierre de Coubertin (1863 – 1937) – Olimpismo: Seleção de Textos”. Após ser publicada nas versões francês (1986), inglês (2000) e espanhol (2011), a obra ganha maior alcance na língua portuguesa, dando significado a ideia de internacionalismo, cunhada por Coubertin durante sua vida em relação a boa convivência e o respeito mútuo entre todos os países.
O Prof. Norbert Müller, Presidente Honário do CIPC, e o Prof. Nelson Todt, Presidente do CBPC, foram os editores do material que contou com a tradução do Prof. Luiz Carlos Bombassaro, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Foram traduzidos ao português cerca de 300 textos, com temas especialmente direcionados ao “Olimpismo” e aos “Jogos Olímpicos” que representam, cada um, cerca de 9% da obra total de Coubertin. Esta edição, intitulada “Olimpismo”, pretende apresentar em toda sua diversidade e transcendência os textos impressos de Coubertin sobre a temática Olímpica. Em sua “Sinfonia inacabada”, o último texto da presente edição, o próprio Coubertin afirma que o Olimpismo somente consiste em metade de sua obra. De seu legado publicado, tão somente cerca de um terço refere-se a ele. Dos inúmeros trabalhos históricos, de crítica social e políticos de Coubertin, somente encontrou lugar neste livro aquela pequena parte deles relacionada com acontecimentos Olímpicos.
A primeira parte desta edição, que traz por título “Revelação”, pretende esclarecer as bases intelectuais de Coubertin e documentar a dimensão pedagógica de sua atuação, que sempre aparece em primeiro plano. Sob as epígrafes “Por uma nova pedagogia“; “Batalha educativa permanente“; e “Na onda dos acontecimentos“, são recolhidos quarenta e sete textos. Embora nesta edição somente seja apresentado um terço dos textos da edição francesa “Revélation”, estes trabalhos ilustram de modo exemplar as bases filosófico-antropológicas do Olimpismo Coubertiniano.
A segunda parte desta edição, sob o título “Dimensões Olímpicas”, apresenta em toda sua extensão o pensamento, as atividades e os sentimentos Olímpicos de Coubertin. 149 escritos de Coubertin foram agrupados em três campos temáticos: “Perspectivas históricas sobre o Olimpismo“; “A dimensão filosófica e educativa do Olimpismo“; e “O Movimento Olímpico“.
Thomas Bach, Presidente do COI e quem escreveu o prólogo da obra, refere-se dizendo que “esta primeira antologia de textos de Coubertin oferecerá novos conhecimentos e novos impulsos ao Movimento Olímpico nos países de língua portuguesa”. Já o Reitor da PUCRS na época, Ir. Joaquim Clotet, reafirma a importância do livro para a sociedade como um todo, alinhando seu pensamento com o que propõe a Filosofia Olímpica: “O conteúdo pedagógico da obra inclui valores humanistas, universalmente aceitos pela sociedade global, como a paz, a amizade e o bom relacionamento. O alicerce dessa pedagogia é o esporte, uma manifestação cultural valorizada em todas as civilizações”.
Acesse o livro Pierre de Coubertin (1863 – 1937) – Olimpismo: Seleção de Textos gratuitamente em publicações, no nosso site.
Imagem de capa: Nelson Todt (esquerda), Thomas Bach (centro) e Norbert Müller (direita).