Neste 1º de janeiro, completam-se 159 anos do nascimento de Pierre de Coubertin. Tendo dedicado 74 anos de sua vida para os estudos sobre educação e desenvolvimento do esporte e das pedagogias alicerçadas e complementares, o Barão foi capaz de promover paz, cultura, respeito, igualdade, conhecimento e, também, de deixar um importante legado: os Jogos Olímpicos da Era Moderna. Para além do próprio evento, a herança de Coubertin ainda abrange a filosofia responsável por propagar e valorizar a relevância do equilíbrio nas ações humanas, de modo que se enfatiza a capacidade de enxergar as pessoas como seres humanos e como símbolos de unidade.
Como propulsoras de sua missão de reviver os Jogos Olímpicos, o estudioso foi inspirado pelas escavações alemãs de Olímpia de 1875 a 1881, por iniciativas esportivas regionais e nacionais – tais como os Jogos Olímpicos de Evangelis Zappas (Grécia) e os Jogos Olímpicos de Much Wenlock (Inglaterra) – e por suas diversas viagens de estudo feitas na Inglaterra e nos Estados Unidos de 1880 a 1890. Ao observar de perto a visão anglo-americana sobre a educação esportiva, o francês cunhou um novo perfil para os Jogos, estabelecendo, como seu objetivo central, a formação social e moral do cidadão moderno e, como ferramenta educacional, o esporte, uma das grandes paixões de sua vida.
Coubertin foi um amante dos esportes e considerou o remo e o boxe as modalidades ideais para a prática. Seu primeiro contato com o esporte britânico foi aos 13 anos, com o livro Thom Brown’s School Days, escrito pelo padre e diretor da Rugby School Thomas Arnold. Na escola de rugby, que teve a oportunidade de visitar quando viajou para a Inglaterra, pôde observar o que chamou de “desenvolvimento completo do indivíduo”, isto é, a combinação do esporte com os estudos.
Não obstante a isso, foram em diversos momentos da vida que Coubertin demonstrou suas preocupações e pensamentos relacionados ao futuro da humanidade, atribuindo ao esporte educativo um papel fundamental no processo de crescimento das percepções pacificadoras não apenas na França, seu país, mas em todo o mundo. Apesar de o Barão ter consolidado ainda vivo o restabelecimento dos Jogos, segundo ele, “o Olimpismo não representa senão uma parte do meu trabalho, mais ou menos a metade”. Tal ideia fica evidente em um de seus testemunhos reunido em uma obra de título Sinfonia Inacabada. A analogia do termo diz respeito à sociedade humana enquanto uma grande orquestra, na qual cada sujeito interage de uma forma e contém um pequeno, mas valioso, papel ou função no conjunto final.
Ao afirmar que seu trabalho não havia sido finalizado, Pierre de Coubertin se referia ao fato de ter se dedicado tanto ao aprimoramento das bases do Olimpismo que não conseguira colocar algumas de suas concepções em prática. O esporte e a educação, para o francês, deveriam andar juntos, como uma sinfonia. Todavia, ainda existiam caminhos longos para percorrer até o ensino ser contemplado com a configuração que ele imaginava. Coubertin queria, por exemplo, o retorno dos ginásios gregos em períodos além dos Jogos, a fim de incentivar dinâmicas que valorizassem o diálogo entre esporte, ciência e artes. Além do mais, as competições esportivas, segundo o estudioso, deveriam sustentar um viés competitivo, a partir do qual o foco não estaria na vitória ou na premiação, mas na autorrealização, na alegria do esforço.
Essa ótica formativa foi o que lhe fez pensar ser um educador, afinal, o Barão amava a educação – alguns autores até mesmo caracterizam Pierre de Coubertin como um romântico, pois ele adorava, se dedicava e vivia o Olimpismo como tal. Seu caminho, após a reinstauração dos Jogos, recebe cada vez mais destaque, de maneira que seu legado se mantém em diferentes esferas. Com vistas a isso, o Comitê Olímpico Internacional (COI), fundado por ele, preserva seus cuidados relacionados à educação esportiva, mas também à solidariedade, inclusão, meio ambiente, igualdade, paz, respeito, cultura, arte e outras áreas que fazem o Movimento Olímpico de Coubertin a cada dia mais forte e representativo na sociedade como um todo.