Durante os dias 21, 22 e 23 de outubro ocorreu o Fórum de Estudos Olímpicos 2021 paralelamente ao III Simpósio Latino-Americano Pierre de Coubertin. A organização dos eventos foi do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin (CBPC) e contou com o apoio da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), do Comitê Internacional Pierre de Coubertin (CIPC) e do Centro Latinoamericano de Estudios Coubertinianos (CLEC).
A ocasião reuniu especialistas a nível internacional para debater temas relevantes e atuais dos Estudos Olímpicos, além de diferentes perspectivas sobre a vida e obra do criador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, favorecendo a troca de experiências, aproximação de Centros de Pesquisa em Estudos Olímpicos, bem como o compartilhamento de diálogos e projetos para iniciativas conjuntas.
O primeiro dia foi dedicado as Sessões de Apresentações de Trabalhos, a qual totalizou mais de 60 exposições feitas por estudantes, acadêmicos e pesquisadores da América-Latina e Europa com temáticas relacionadas ao esporte em geral, além do Movimento Olímpico e Movimento Paralímpico. Confira a lista das apresentações que receberam menção honrosa:
– Diálogos entre a educação olímpica e a formação inicial em educação física;
– Presentación de la Biblioteca Digital Pierre de Coubertin del Centro Latinoamericano de Estudios Coubertinianos;
– Modelo Curricular de Enseñanza de Educación Olímpica para Estudiantes de Nivel Medio Con Énfasis En Educación Física en Guatemala;
– Academic Olympic Studies and Research Centre – atendendo as novas diretrizes do Comitê Olímpico Internacional;
– Tecnologia assistiva: a importância da cadeira esportiva;
– Esporte e eSport, interfaces entre os Jogos Olímpicos e as competições digitais;
– A organização da disciplina Estudos Olímpicos e Pesquisa Social (UFJF/GV, 2020-2021);
– Validação de um modelo de gestão de dados do Esporte de Alto Rendimento;
– Legado Ambiental En Materia De Movilidad De Los Juegos Panamericanos Cali 2021;
– Success or Failure: Social Media Campaign Analysis of Wethe15 Movement at Tokyo 2020 Paralympic Games;
– Representações Culturais nos Jogos Olímpicos de uma Judoca Gaúcha;
– “Prêmio Pierre de Coubertin” en el Olympic Youth Camp de los Juegos Asiáticos de Doha 2006;
– Creación, propósitos y alcances de la Comisión de Jóvenes del Centro Latinoamericano de Estudios Coubertinianos.
Na sequência, houve também o lançamento de livros ligados a História do Esporte, Jogos Olímpicos e Pierre de Coubertin. Entre as obras lançadas, estão “Maria Lenk”, “Maracanã 70 anos”, “eMuseu 2020” e “Reinvenção do Esporte”, por Bianca Gama Pena; “Olimpismo e Paz”, por Leonardo Mataruna e Tiago Viegas; “Pierre de Coubertin, Cristianismo y Religión”, por Tomás Bolaño; e a Trilogia Olímpica “Los Juegos Olímpicos Modernos”, “Los Juegos Olímpicos de la Antigüedad” e “Pierre de Coubertin y el Movimiento Olímpico”, por Eduardo Antonio Pérez Restrepo.
A Abertura Oficial dos Eventos ocorreu apenas na sexta-feira (22) e contou com a presença de Jorge Bichara (Diretor de Esportes do Comitê Olímpico do Brasil), Luciano Castro (Decano da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS), Nelson Todt (Presidente do CBPC) e Stephan Wassong (Presidente do CIPC).
Na oportunidade, Todt contextualizou o momento da realização dos eventos e comentou sobre a importância dos Estudos Olímpicos em âmbitos nacional e internacional: “O desenvolvimento nos últimos cinquenta anos de Estudos sobre Esporte o Campo das Ciências Sociais e Humanas tem auxiliado a configuração de uma distinção epistemológica entre Estudos Olímpicos e Olimpismo, no qual o primeiro remete a uma estratégia de abordagem para a produção de conhecimento, enquanto o segundo se refere aos fundamentos e valores que justificam e orientam a ação dos sujeitos ligados ao esporte em seus múltiplos níveis”. Nesta mesma direção, Castro ressaltou como a parceria com a PUCRS possibilitou a organização destes eventos e o impacto positivo que ações como estas têm na universidade, possibilitando maiores redes de contatos e os avanços nos Estudos Olímpicos nas áreas acadêmicas e profissionais entre estudantes e professores.
Logo após, Bichara afirmou que o Comitê Olímpico do Brasil segue apoiando e atento em iniciativas que fomentem os Estudos Olímpicos no país, aumentando aprendizagens e interessados no Movimento Olímpico e no esporte brasileiro.
O Presidente do CIPC encerrou o discurso de abertura agradecendo Todt pela organização dos eventos; em sua fala, Wassong destacou a importância que as reformas do Movimento Olímpico (MO) tiveram ao longo da história, citando alguns momentos: “Quando Pierre de Coubertin sai do cargo de Presidente do Comitê Olímpico Internacional e cria o Conselho Executivo. Ressalto também o Congresso de Baden-Baden que, na ocasião, o Presidente Juan Antonio Samaranch revolucionou o MO introduzindo as mulheres nos Jogos. Essas reformas contribuíram para a formação desse perfil único e ímpar do Movimento Olímpico”, refletiu.
Os Painéis apresentados durante o Fórum reuniram nomes relevantes no âmbito do Movimento Olímpico para reflexões acerca de “Agenda 2020 +5: O Roteiro Estratégico para 2025”, “Estudos Olímpicos pelo mundo”, “Estudos Paralímpicos pelo mundo” e “Tóquio 2020 – Sentido de Humanidade em Debate”. Foram diferentes discussões que proporcionaram a atualização de dados e fatos que potencializam não apenas os Estudos Olímpicos no meio acadêmico e profissional, mas o desenvolvimento do esporte em geral concomitantemente a conscientização da vida humana em saber utilizar de maneira adequada esta ferramenta para benefícios em comum.
Já no sábado (23), a abertura do III Simpósio Latino-Americano Pierre de Coubertin ocorreu com o Painel “Pierre de Coubertin – O Visionário”, com a participação de Jean Durry, Vice-Presidente do Comitê Internacional Pierre de Coubertin e, como moderadora, Elvira Ramini, Secretária Geral do Comitê Internacional Pierre de Coubertin.
Ramini deu início ao momento com uma breve introdução de Durry, criador do Museu Nacional do Desporto, instalado no Parc des Princes em Paris, França, e autor da obra “Pierre de Coubertin – O Visionário”. O livro foi publicado pela primeira vez em 1994 em francês, atualmente possui 7 publicações em diferentes línguas, sendo que a versão em português, lançada em 2016 em referência aos Jogos do Rio 2016, é chancelada pelo Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin e está disponível no nosso site em PUBLICAÇÕES. Sua última versão foi publicada em 2020 em japonês, em alusão aos Jogos de Tóquio 2020, e conta com uma versão eletrônica do material.
Para começar sua fala, Durry comentou sobre o material: “Muitas pessoas conhecem muito sobre Pierre de Coubertin, e esse livro vem com a proposta de ampliar e preencher o espaço deste conhecimento. Já sabemos do papel e da importância de Coubertin no Olimpismo, mas não podemos reduzir ele apenas a isso”. Assim, continua seu discurso ao relatar marcos da história de Coubertin que nos auxilia a entender o porquê o Barão sempre será pilar base não só para o Movimento Olímpico, como para outras áreas. Coubertin foi um grande pedagogo, a partir de suas viagens a Londres percebeu em como propor um novo dinamismo na educação dos jovens franceses baseado na introdução de esportes nas instituições de ensino. Durry destaca os principais traços de Coubertin e sua originalidade, sendo o primeiro aristocrata a protestar contra a República Francesa, e sua obstinação, ao propor a restauração nos tempos modernos dos Jogos Olímpicos.
Outro marco da história a ser destacado por Durry foi II Guerra Mundial, pela qual o Movimento Olímpico conseguiu atravessar e causou grande impacto em Coubertin: “Temos no primeiro momento um Coubertin patriota francês e após, um cidadão do mundo, o qual considera como vencedores não políticos e generais, mas sim as pessoas que estavam na lama, nas trincheiras. O que o incentiva a voltar para seu objetivo original, a educação, para abrir as portas da cultura para o povo”, refletiu.
Durry elenca em seu livro 9 facetas de Coubertin, desta forma continua: “Coubertin não era um idealista e sim um organizador e realista nos pequenos detalhes. Um pedagogo que dedicou todos os pensamentos de sua vida ao ajudar os jovens, que representam a paixão pela vida e seguem o que o esporte também representa. Os Jogos Olímpicos para Coubertin era a ferramenta, em usar o esporte como fenômeno internacional para a educação, e não o objetivo final. Também foi um historiador, cujo foco esteve no passado para entender o presente e planejar o futuro”. O autor ainda salienta que Pierre de Coubertin era o único capaz de teorizar o Movimento Olímpico, de trazer o simbolismo presente no Olimpismo.
Para concluir seu pensamento, Durry considera: “E visionário porque, existe alguns gênios na humanidade, ele era um deles. Não nego seus fracassos, mas ele viu muito além do seu tempo. Sendo graças a cultura, a educação e a humanidade de Coubertin que os Jogos continuam atualmente num espaço tão proeminente na sociedade”.
No final do Painel, ao ser questionado se os Jogos Olímpicos teriam se distanciados da filosofia Olímpica de Coubertin, Durry reflete: “Coubertin nasceu há um século e meio e morreu há 85 anos, isso representa um tempo de vida, o qual o esporte nas Olimpíadas continuou evoluindo. Trazendo consigo novas problemáticas, como a comercialização, o papel do dinheiro, e Coubertin viu esses possíveis problemas muito cedo. Acredito que por isso exista uma diferença entre os Jogos Olímpicos e outros eventos esportivos”.
Outras apresentações tiveram repercussão durante o evento, como os Painéis “Esporte e Valores: Olimpismo na Prática”, “Coubertin: O Ilustre Conhecido na América Latina”, “Mosaico Coubertiniano” e “Olimpismo: desafios dos caminhos entre idealismo e instrumentalismo”.
Na Cerimônia de Encerramento dos Eventos estiveram presentes o Presidente do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, Nelson Todt, o Presidente do Comitê Pierre de Coubertin – Argentina, Daniel de la Cueva, e o representante da Universidade Federal de Juiz de Fora, Heglisson Toledo. Ao final dos anúncios, Todt anunciou a Universidade Federal de Juiz de Fora como a próxima sede do Fórum de Estudos Olímpicos 2022, tendo como representante da Universidade o professor Heglison Toledo.
Você pode acessar a gravação de todos os Painéis do Fórum de Estudos Olímpicos 2021 e do III Simpósio Latino-Americano Pierre de Coubertin no nosso canal no YouTube (Coubertin Brasil).