Sabe-se que cada edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna é composta por particularidades, sejam elas no que diz respeito à organização, envolvendo a escolha de cidades-sedes, planos de futuro, boa governança, impacto na comunidade, logística social, ou até mesmo no que cerne as próprias modalidades esportivas, como o número de atletas participantes, quantidade de países e novas modalidades.
Em 1896, por exemplo, o mundo esperava a primeira edição do megaevento, na Grécia, o que caracterizou um momento de êxtase e grandes expectativas, inclusive por Coubertin. Para os Jogos de Paris, em 1900, a ideia de expandir e dar ainda mais dimensão a internacionalização do Movimento Olímpico fez com que a organização dos Jogos estivesse alicerçada a Exposição Universal, que aconteceria na cidade no mesmo ano e atrairia personalidades de diferentes partes do mundo para investimentos e apreciações e, desta forma, também resultaria maior visibilidade a ideia Olímpica. Nesta mesma direção, os Jogos de 1904 em St Louis foram um espetáculo secundário para outra Exposição Universal e Coubertin não compareceu. Poucos sabiam na época que a vida pessoal do francês estava envolta em traumas: Enquanto ele se mantinha quieto, seu filho, Jacques, sofreu um derrame na infância que o deixou mentalmente debilitado para o resto da vida.
Voltando lentamente ao trabalho, Coubertin conduziu os Jogos de 1908 a Roma, na esperança de organizar uma celebração compatível com sua visão da glória Olímpica. No entanto, em 5 de abril de 1906, o Monte Vesúvio entrou em erupção, criando uma emergência nacional na Itália que esgotou o financiamento para os Jogos. Tudo parecia perdido, até que os ingleses avançaram para resgatar o Movimento Olímpico. Em pouco tempo, os britânicos colocaram a máquina do comitê organizador em funcionamento e produziram um evento de qualidade em menos de dois anos em Londres. E foi em Estocolmo, 1912, que os Jogos finalmente ascenderam à concepção de Coubertin do casamento entre esporte e cultura: “Nunca um verão sueco foi mais glorioso”, escreveu Coubertin, sobre os primeiros Jogos que concretizaram sua visão de uma competição de artes que agregou prestígio ao festival.
Anos mais tarde, após as turbulências da I Guerra Mundial, Pierre de Coubertin reconheceu que os desafios à sua autoridade estavam aumentando. Em 1921, ele surpreendeu seus oponentes e amigos ao publicar uma carta pública anunciando sua aposentadoria, nomeando um Conselho Executivo (CE) para assumir a gestão diária do Movimento Olímpico e pediu a seus colegas que honrassem seu pedido final – e premiassem os Jogos Olímpicos de 1924 para Paris.
No último domingo (17), foi celebrado o 100° aniversário do Conselho Executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI), que teve sua primeira reunião em 7 de novembro de 1921. Ainda hoje, segue sendo reconhecido como mais um dos importantes legados de Pierre de Coubertin para o Movimento Olímpico; a recém-criada diretoria era responsável por garantir o funcionamento do COI na ausência do Presidente, isto é, cuidar das finanças e cumprimento de regras relacionadas aos Jogos Olímpicos.
A cerimônia foi realizada no bosque de Coubertin – local no qual está enterrado o coração do idealizador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna -, e reuniu o Presidente do COI, Thomas Bach, a Presidente da Grécia, Katerina Sakellaropoulou, e os Vice-presidentes do Comitê. Em seu discurso, Bach fez menção a Coubertin: “Tenho certeza de que nosso admirado e amado fundador, Pierre de Coubertin, está conosco em espírito hoje. Espero que ele veja lá de cima e aqueça seu coração, que está tão perto de nós aqui”.
Ao final, Bach e Sakellaropoulou plantaram uma muda de oliveira, fazendo alusão às premiações dos Jogos Olímpicos da Antiguidade. No encerramento da cerimônia, o Presidente junto dos Vice-presidentes colocou uma coroa de flores no memorial de Coubertin.