Em 1817, o Barão Karl Von Drais criou o primeiro protótipo de uma bicicleta, um veículo de duas rodas que se chamava Draisiana, nesse protótipo ela não possuía pedais e, portanto, era impulsionada pelos pés. Foi uma invenção muito aclamada e discutida na época, se tornando popular o suficiente para ser inserida nas competições de corrida. Com o avanço das tecnologias, muitas novas máquinas foram criadas e o que já era usado foi aperfeiçoado, em 1855 foram implementados os pedais, não precisando mais usar os pés para se locomover.
Pierre de Coubertin, criador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, foi um entusiasta nato da prática de esportes, e uma das práticas que mais se interessava e indicava que todos vivenciassem foi justamente o andar de bicicleta. Para o Barão, o aprender a andar de bicicleta e superar os balanços causados ao subir no veículo e conseguir se deslocar já representava uma barreira a ser superada por qualquer praticante. Coubertin, inclusive, utilizou a bicicleta como apoio ao falar sobre o progresso esportivo e como ele está aliado ao desenvolvimento humano: “O progresso desportivo do adolescente e do jovem adulto pode proceder de uma fonte tríplice. Por um lado, do pensamento muscular de seu corpo. Que dizer da bicicleta, surgida de uma ideia genial da aplicação mecânica da roda dentada e do exemplo da correia de transmissão unida ao pedal?”
Com a promoção do ciclismo em escala internacional, bem como uma análise mais profunda de seus benefícios e demais possíveis impactos ao ser humano e ao meio ambiente, no dia 12 de abril de 2018, em uma assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), foi estipulado o dia 3 de junho como o Dia Mundial da Bicicleta, a fim de ressaltar a importância do veículo tanto para a saúde, por ser movida pelo movimento das pernas, mas também para o desenvolvimento sustentável, visto que não expele gás carbônico para se locomover.
Em 2021, o Centro Latinoamericano de Estudios Coubertinianos organizou uma sessão plenária com o tema “El Día Mundial de la Bicicleta como parte de la visión de Pierre de Coubertin”, que teve entre os convidados Leszek Sibilski, polonês responsável pela criação do Dia Mundial da Bicicleta. Esta foi uma das ações que fizeram com que em setembro do mesmo ano, o presidente do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, Nelson Todt, recebesse prêmio da ONU por contribuir para a divulgação da data na América Latina ao mesmo tempo em que chamava atenção à história de Pierre de Coubertin. Quando perguntado sobre a importância da bicicleta, Todt dissertou que existem 4 motivos para sua relevância: “Mobilidade urbana: o trânsito nas grandes cidades é um caos e a bicicleta se mostra como uma alternativa a isso; saúde e bem-estar: ao mesmo tempo em que a bicicleta se mostra como um meio de transporte, ela contribui para a promoção da saúde por meio da atividade física diária. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, adultos devem realizar entre 150 e 300 minutos de atividades físicas de intensidade moderada por semana; igualdade: a bicicleta não escolhe condutor; e meio ambiente: bicicletas são transportes limpos, não largam resíduos na natureza como os gases poluentes dos automóveis”.
A bicicleta está presente desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna até as edições atuais, ao lado da esgrima e do atletismo. Ela é utilizada em diferentes modalidades, como ciclismo de pista, ciclismo de estrada, mountain bike e bike motocross ou BMX.
O ciclismo de estrada é o modelo mais tradicional, e é disputada de duas formas nos Jogos Olímpicos. A primeira consiste em uma corrida com um percurso de 250 km para os homens e 140 km para as mulheres, e quem cruzar primeiro a linha de chegada fica com a medalha. A outra forma de competição é o “contrarrelógio”, em que os atletas partem da linha inicial com intervalos de 90 segundos, e quem fizer os 46 km (masculino) ou 32 km (feminino) no menor tempo, conquista o título.
Já o ciclismo de pista acontece nos velódromos e é dividido em várias provas. A primeira delas é o Sprint (velocidade), que consiste em uma corrida entre dois atletas, percorrendo 3 voltas, porém, as duas primeiras são para o reconhecimento da pista e do adversário, e a terceira é a corrida em si. Uma prova por equipes também é realizada nesta modalidade, seguindo as mesmas regras. Outra prova é a de perseguição, que atualmente só é disputada em equipes. Os atletas saem em posições opostas na pista e precisam ultrapassar os adversários em um percurso de 4 km (masculino) e 3 km (feminino), a equipe que tiver o menor tempo percorrido, vence. Para finalizar, ainda existem outras 2 provas, a Keirin, onde 6 atletas ficam atrás de uma moto que dita o ritmo da corrida, e o primeiro a chegar no fim da prova vence, e a Omnium, que conta com todas as provas descritas acima.
O Ciclismo BMX é uma prova de velocidade e agilidade com a bicicleta. Oito atletas competem, realizando muitos saltos, percorrendo curvas com angulações fechadas e com inúmeros obstáculos. Na prova feminina são percorridos 350m e na masculina 370m. Já a modalidade Mountain Bike (MTB) é bem similar ao BMX, o que difere é a descida de montanhas e razão da dificuldade, o tamanho e mais obstáculos no percurso.
NOMES QUE FICARAM NA HISTÓRIA MUNDIAL
Anne-Caroline Chausson foi a primeira campeã Olímpica de BMX. Anne conta com diversos títulos mundiais, europeus e franceses, tanto no BMX quanto em outras modalidades do ciclismo – campeã do mundo doze vezes no VTT Descente, quatro vezes no VTT Dual Slalom, três vezes no BMX; e o título Olímpico no BMX em Pequim (2008).
Leontien Van Moorsel é a atleta que possui mais títulos Olímpicos na modalidade na estrada. A ex ciclista holandesa ganhou o prêmio Beste Wielrenster Ooit Van Nederland (melhor ciclista de todos os tempos na Holanda), além de onze títulos mundiais e seis medalhas Olímpicas, sendo 4 em Sidney (2000), três de ouro e uma de prata. As outras duas vieram na edição seguinte, em Atenas (2004), com uma medalha de ouro e uma de bronze. As conquistas não param por aí, Leontien foi eleita seis vezes Atleta do Ano, e em 2003, quebrou o recorde mundial. A holandesa decidiu pendurar a bicicleta em janeiro de 2005 e atualmente promove e participa de passeios de bicicleta para as mulheres em seu país.
Chris Hoy é o atleta Olímpico mais coroado da Grã-Bretanha. O britânico construiu seu legado no Ciclismo de Pista. Em 1996, entrou para a seleção britânica e conquistou sua primeira medalha de prata no Campeonato Mundial de 1999, em Berlim. Em 2000, obteve a sua primeira medalha Olímpica, ficando com a prata no Sprint. Nos Jogos de Pequim (2008), fez história ao levar três medalhas de ouro, uma no Keirin e as outras duas no Sprint individual e em equipe. Chris fez sua despedida dos Jogos Olímpicos em Londres (2012), ganhando mais duas medalhas de ouro, uma no Keirin e a outra no Sprint em equipe.
DESTAQUES BRASILEIROS
Renato Rezende é o principal nome do ciclismo brasileiro. Ele representou o Time Brasil nos Jogos de Londres (2012), mas foi desclassificado nas quartas-de-finais. Após a eliminação, o jovem ciclista conquistou títulos continentais importantes para o ciclismo nacional, como a Copa do Pacífico, o Campeonato Pan Americano, os Jogos Sul-Americanos, o Internacional Quito, o Campeonato Brasileiro, e recentemente foi 4º colocado no Pan de Lima em 2019.
Henrique Avancini é uma das grandes esperanças do Brasil para a conquista de uma medalha nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Avancini já conquistou 17 títulos nacionais, além de conquistas a nível internacional e continental, como o campeonato do mundo de XCM, incluindo a vitória na etapa da Copa do Mundo de XCO na República Tcheca em 2020 e vários outros pódios, chegando a liderar o ranking internacional durante um longo período em 2020.
Jaqueline Mourão, atualmente a ciclista de Mountain Bike XCO brasileira com mais participações Olímpicas (7), foi medalhista de bronze no Pan de Lima 2019, cinco vezes campeã brasileira, entre outros títulos importantes conquistados ao longo da sua carreira.