Há 161 anos, nascia Charles Pierre de Frédy, Barão de Coubertin. Defensor da entendimento e harmonia entre as pessoas, Coubertin nasceu no mesmo dia da Confraternização Universal, conhecido também como Dia da Paz.
Para compreender a figura de Pierre de Coubertin, é possível situá-lo no contexto político e social da França do final do século XIX e início do XX. O período foi marcado pelas constantes mudanças de governo e regime, como a derrota do exército francês na Guerra Franco-Prussiana contra a Alemanha em 1870-71.
Coubertin acreditava que a França poderia renascer das cinzas e ser regenerada por meio de uma profunda reforma educacional, onde a juventude fosse renovada física e moralmente. Os valores inspiradores para estruturar essa reforma seriam retirados da cultura clássica, mesclados com valores humanísticos e aqueles provenientes do Renascimento Europeu.
Coubertin havia recebido uma educação baseada na cultura clássica e era fascinado pelo mundo helênico, admirando o santuário de Olímpia e seu contexto cultural e espiritual. Ele acreditava que o conhecimento clássico teria um papel importante em sua reforma educacional. Também admirava a concepção humanista do Renascimento, centrada no ser humano e sua vontade de perfeição, valorizando também a ciência e as humanidades. Todos esses elementos devem ser reunidos para entender o conceito de reforma educacional de Coubertin, assim como a ênfase que ele dava à educação física e ao esporte, considerados por ele fundamentais para o bem-estar físico, moral e intelectual do ser humano.
Quando Coubertin concebeu sua reforma educacional para a França, ainda não pensava em restaurar os Jogos Olímpicos. Na época, final do século XIX, ele empreendeu uma viagem pelo mundo anglo-saxão, onde analisou o sistema educacional norte-americano e inglês para reunir referências para o seu modelo de reforma. Ele apreciava a combinação entre educação física, moral e intelectual oferecida nas instituições de ensino de língua inglesa.
Então, em 1892, ele mencionou pela primeira vez a ideia de reavivar os Jogos Olímpicos e começou a conceber um novo olhar para o aspecto moral em um nível internacional. Como consequência disso, o Movimento Olímpico moderno foi finalmente estabelecido no anfiteatro da Sorbonne em 23 de junho de 1894.
Coubertin estava convencido de que a Educação para a Paz a nível internacional só seria efetiva se o aprendizado teórico fosse acompanhado de experiência pessoal. Ou seja, o esporte seria, para ele, o instrumento ideal para alcançar esse objetivo. Nesse sentido, os Jogos Olímpicos deveriam se tornar um instrumento de Educação para a Paz entre as nações: “As guerras estouram porque as nações têm mal-entendidos entre elas. Não haverá paz, até que os preconceitos que separam agora as diferentes raças tenham sido superados. Para alcançar esta meta, que melhor meio existe do que reunir periodicamente a juventude de todos os países para competições amistosas de força e agilidade muscular? Durante a Antiguidade, os Jogos Olímpicos controlavam os esportes e promoviam a paz. Não é uma ilusão buscar neles benefícios semelhantes no futuro”, refletiu Coubertin em um de suas passagens.
Este é o valor pacífico que Pierre de Coubertin nos legou. Ele almejava ver os povos de todos os continentes se reunirem no estádio promover a Paz, desde o dia 1º de janeiro até todo o resto do ano.